sexta-feira, 8 de junho de 2012

Eu não tenho motivo nenhum pra te amar ,

 Te juro. Você é o cara mais desengonçado, idiota, mentiroso, babaca, metido, exibicionista e machista que eu conheço. Mas aí vai chegando a noite, e quando o relógio marca lá pelas vinte e duas horas, eu começo a sentir sua falta. Porque é nessa hora que ninguém está comigo e eu posso desabar. Há cinco meses, seria nessa hora que eu te ligaria com voz de sono, perguntando como foi seu dia e quantos risos verdadeiros você deu. E eu ainda sinto falta disso. Porque ir dormir sem saber se você está bem, está me matando aos poucos. E não é exagero, eu acho. Porque li, um dia desses, algo do tipo: “Respirar não quer dizer que você esteja vivo”. É, amor, as pessoas morrem por dentro. E você tem me matado, sem o mínimo de piedade. Mortes internas também deveriam dar cadeia. Porque morrer por dentro significa sorrir forçado, viver fingindo, sentir tudo pela metade. Ando sentido medo. Um medo absurdo de me aproximar de qualquer pessoa. Tenho medo de que todas venham a me abandonar - assim como você fez. Minha mãe já implorou para que eu deixasse de ser boba e te deixasse lá no passado. Mas é complicado, amor. Eu já tentei dezenas de vezes, mas mesmo você sendo o pior homem que já conheci, é também o que eu mais amei. E não digo que te amei, assim, como quem ama hoje e se esquece amanhã. Sou diferente de você, infelizmente. Quando amo, eu amo até morrer. Quem dera se essa morte, agora cogitada, também fosse interna. Já teria deixado de te amar há certo tempo. Mas não é. E por todos esses meus quereres que nunca se concretizam, eu continuo sofrendo um bocado por sua conta. Porque me faço de forte, independente e cheia de amor próprio quando estou na rua, mas basta chegar em casa que eu desmorono. E meu travesseiro é a prova disso. Todo molhado de lágrimas, o coitado. A culpa é sua. A culpa é inteiramente sua. Porque eu acreditei demais em nós dois. Você me implorou para que eu acreditasse em nós dois. E quando eu, finalmente, achei que fôssemos ser felizes até na velhice, você veio dizendo que tudo havia acabado. Você nem sequer tentou me ajudar a te esquecer. Não tentou passar um truque, uma gambiarra, nada. Você partiu por aquela velha porta de madeira maciça da casa do meu avô, dizendo que estava confuso. Mas a confusão acabou sobrando para mim. Porque eu tentei entender e acabei enlouquecendo. Eu tentei te esquecer e acabei esquecendo de me amar. Me vi largada, jogada à Chico Buarque e Mallu Magalhães. Me vi bêbada, jogada na sarjeta do boteco que nós costumávamos frequentar juntos. E te vi lá. Acompanhado. Ela não tinha um sorriso inocente como o meu, tampouco as unhas roídas como as minhas. Ela era mulher, enquanto eu só soube ser menina. Talvez tenha sido isso. E eu, na minha mais pura inocência, tentei te procurar no dia seguinte. Me ofereci para usar salto alto, maquiagem escura e unhas postiças. Me ofereci para usar batom vermelho, roupas justas e bijuterias de camelô - assim como ela. Mas você riu. Claro, qualquer um riria. Mas foram apenas tentativas vãs de te ter novamente. Eu não aceitei o fato do seu amor ter acabado. E ainda não aceito, caso te importe saber. Porque você dizia me querer para sempre ao seu lado. Você me fazia promessas de eternidade, casamento, filhos e casa no campo. Não vou querer te julgar e dizer que você me enganou, mas, querido, eu acreditei em nós dois quando ninguém mais acreditava. Eu acreditei em você quando todos achavam que você não valia nada. Hoje vejo que, realmente, você nunca valeu nada. Mas não me arrependo de ter confiado em você. Porque eu cresci tanto ao seu lado, que nem dá pra reclamar. Eu aprendi a atuar melhor que aquelas atrizes de Hollywood, só para que as pessoas não notassem a mágoa diária que você me causava. E eu resisti. Eu resisti durante todo esse tempo só para que o final compensasse. Ou para que não houvesse um final, sei lá. Olhe o que restou: você sorrindo e dançando; eu chorando e cantando. Todos que perguntam sobre minhas experiências mal resolvidas de amor, são obrigados a ouvir seu nome por mais de três horas. E todos têm a mesma opinião: você é um idiota! Eu concordo, amor. Eu juro que concordo. Mas você é o idiota mais lindo que já conheci e, provavelmente, o que eu mais vou amar pelo resto da vida.



By:Lainne '-'

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